Desde sua inauguração, no final de 2011, o Mangiare passou por rápidas fases boas e longas ruins. Trocou várias vezes de chef, de proposta, de menu – e nada parecia dar certo. Até a entrada de Pablo Inca, que acaba de fazer um ano.
O ex sous-chef de Paola Carosella, no Arturito, encurtou o cardápio, focou em massas e carnes e, acima de tudo, no uso do forno a lenha. O que sempre foi uma casa inconstante, hoje demonstra excelência na técnica e no sabor.
As marcas de Paola – o sócio da chef no Arturito e no La Guapa é proprietário do Mangiare – estão por todos os lugares: nos ótimos pães de fermentação natural, no “queimado” da lenha na linguiça, no estupendo sorvete de doce de leite. E isso não diminui em nada o talento de Pablo: é apenas um indicativo de que admira sua “mestra”. De que não precisa reinventar a roda para ser bom profissional.
Não ignore o couvert (R$ 12) composto pelos tais ótimos pães de fermentação natural – leves, macios, com exterior crocante -, manteiga, pastas do dia e azeitonas. E não jamais uma das melhores linguiças que já provei, feita lá, quase sem gordura e de sabor tão delicado quanto equilibrado. Feita com lombo, guanciale e pernil, são acompanhas por torradas do pão da casa (R$ 20)
Se não quiser, vá de Carpaccio rústico com folhas, mostarda, alcaparras e parmigiano (R$ 32) ou Bruschettas em torradas do pão casa (tomate e manjericão, R$25; Burrata, rúcula, prosciutto, R$ 23).
Magistralmente preparado, o Tajarin – massa fresca típica do Piemonte – leva molho de cogumelos salteados, mascarpone, parmigiano e perfume de limão siciliano que faz carinho no cérebro (R$ 45).
Outro clássico do Mangiare, que pela primeira vez como verdadeiramente bem feito, o arroz de pato na lenha é coroado por belo ovo caipira com gema mole (R$ 49). Para os viciados em carbonara, a receita do restaurante é feita com pancetta e custa R$ 45.
Na seção das carnes encontra-se o Mangiare Burger (burger de fraldinha grelhado com aioli, compota de cebolas, pancetta e mozzarella no pão artesanal, R$ 28), o belo Bife ancho com gnocchi alla romana (R$ 59), entre outros.
Apenas durante o jantar, o Mangiare serve pizzas com massa de fermentação natural (ainda não consegui provar) com coberturas como a de abobrinha fatiada assada no forno a lenha, molho de tomate e alho (R$ 48), linguiça de porco e molho de tomate (R$ 49), margherita (R$ 49) e mozzarella e molho de tomate (R$ 42).
Apesar de lindo, montado na hora e com creme de confeiteiro cheio de pontos de baunilha de verdade, o mil folhas não estava crocante (R$ 22) – talvez a culpa tenha sido do clima do dia, úmido demais, por isso ainda não consigo tecer um julgamento mais apurado sobre ele. O bom tiramisú– com sabor do café apenas “de passagem” -, servido de uma grande travessa (R$ 18), é levíssimo e o cliente pode comer, literalmente, até dizer chega.
Para acabar bem, o café Martins é coado à mesa.
Finalmente dá gosto ir ao Mangiare.
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