Da esq. para a dir.: Teva, Tuju, Cepa, Boto
O paladar não é estático: quanto mais vivemos, comemos e criamos referência sensorial, mais complexo ele fica.
Restaurantes não são negócios estáticos: as pessoas constróem, diariamente, o produto. Do zero. Pessoas diferentes, dias bons e ruins, épocas com mais acertos do que outras.
Por tudo isso, não falo em “melhores restaurantes”, falo em “melhores restaurantes para mim, em determinado momento”. A lista abaixo reflete o que mais me toca na gastronomia paulistana agora. Obviamente tem a ver com minha visão de mundo, o tipo de comida que penso ser mais interessante, o fato de diminuir ao máximo o consumo de carne. Hoje, o que me dá mais prazer é observar a formação de cozinheiros conscientes e talentosos, com amor por suas raízes, que entendam que gastronomia começa no campo, que unam criatividade e sabor. Então, AGORA, meus restaurantes prediletos em São Paulo são, por ordem alfabética…
A chef Manuelle Ferraz faz comida de afeto, reverenciando sua cidade natal (Almenara, MG), com delicadeza e potência.
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Há cerca de quatro anos conheci Manu (a cozinheira @manuelleferraz), quando seu negócio ainda era recém-nascido, tinha outro nome e o cartão de visitas era apenas o pão de queijo que, na minha opinião, segue sendo o melhor que já provei . Mesmo num salão quase sem decoração, com serviço amigável porém lento e menu curtíssimo, notei que me apaixonaria por aquele lugar: poucas vezes na vida senti temperos e personalidades tão potentes e viscerais num prato de comida. Ainda me lembro: era feijoada. 🍴🍴 O tempo passou, a cozinheira tímida se transformou numa chef de sucesso, empoderada e orgulhosa de suas raízes – e aquela casinha na Barra Funda ganhou uma irmã maior e elegante: A Baianeira MASP. E viva a comida brasileira, uma das mais sensacionais do planeta! . ↗️Link para o post NA BIO . #brazilianfood #comidabrasileira #masp #baiaodedois #paodequeijo #cheese #pastel #nhoque #mandioca
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Nov 5, 2019 at 10:32am PST
Leo Botto brinca com os diversos usos de fogo, brasa e carvão para criar uma cozinha autoral, simples e repleta de sabor.
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Gosto bastante da linha de cozinha do @leobotto, calcada no uso variado de brasa, fogo, grelha. Todo o poder ancestral e gastronômico do calor das cinzas e da madeira. O toque tostado e a textura dos vegetais preparados por ele sempre me encantou – por isso fiquei curiosa quando soube que, depois de bastante tempo, ele estava abrindo uma nova casa, o @boto.restaurante. Minha primeira visita foi após poucas semanas da inauguração. Comi bem mas confesso que nada me marcou. Hoje, meses depois, voltei – saí com desejo de retornar à mesa e começar a comer tudo de novo. Verduras e legumes orgânicos, crocantes, lindos, íntegros, no auge do sabor, continuam um ponto altíssimo. Soma-se a isso o preparo impecável de peixes e carnes. O arroz malandrinho – preparado com cateto, camarões e um caldo fenomenal – é de raspar o prato: cremoso, no ponto certo de cozimento e bomba de umami. Frescos e surpreendentemente ricos, os tacos preparados com farinhas de milho e mandioca levam peixe levemente defumado e vinagrete com frutos do mar. Quer ficar no reino vegetal? Também dá pra ser beeeem feliz ali. Ah, coma a mandioca com pó de couve e mel de abelha nativa. A famosa torta de batata doce roxa faz jus ao auê que causa: cremosíssima, doce na medida, combinada com o rústico sorvete de queijo canastra, resulta numa espécie de “Romeu e Julieta” da nova era. Belo restaurante. (bem que poderia, de noite, ser menos escuro…) #taco #dessert #pie #rice #shrimp #foodporn #fire #seafood #frutosdomar
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Nov 23, 2019 at 12:43pm PST
Cozinha mexicana com toque autoral, fresca e prazerosa. Preparada com ingredientes orgânicos, vegetariana, colorida e muitíssimo bem temperada.
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Volto, volto e volto e sempre sou feliz no @carritoorganic. Comida deliciosa, fresca, bem temperada, criativa – e ainda leva apenas insumos orgânicos. Cozinha mexicana com acentos brasileiros, vegetariana e muito da boa. Esse burrito (burritão!) é meu queridinho do menu: arroz, frijoles, salada do dia, mussarela, pico de gallo, abacate, creme de chipotle e jaca verde refogada (mas pode ser ovo ou cogumelos). ADORO. #mexicanfood #veggie #vegetarianfood #vegetarian #vegetariano #burrito #comidamexicana #instafood
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Oct 18, 2019 at 10:49am PDT
Cozinha autoral calcada no frescor e qualidade dos insumos – os pescados são ponto altíssimo – e no minimalismo. Excelente harmonização com rótulos muito bem escolhidos de vinhos naturais.
Viviane Gonçalves muda seu menu todos os dias, de acordo com o que os produtores entregam e com a sazonalidade. A intensa criatividade aliada a técnica impecável resultam numa comida clara, limpa e apaixonante.
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Que lindeza, que delicadeza, que delícia! “Mil folhas” de semolina, creme sedoso de abóbora com amêndoas, folhas gorduchas de cavolo nero, ervilha torta, vagem e toda a elegante acidez do queijo de cabra no prato do @chefvivirestaurante_. O Chef Vivi é um dos meus restaurantes favoritos: une criatividade (o cardápio muda TODO DIA), sabores límpidos, ingredientes de alta qualidade e maneira primorosa de trabalhar vegetais (não, não é um restaurante vegetariano). Uma joia. Quem não conhece, não sabe o que está perdendo. #food #foodphotography #foodpic #instagood #vegetarian #veggiefood #veggie #farmtotable
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Aug 7, 2019 at 11:32am PDT
César Costa leva a sério o conceito de gastronomia sustentável e artesanato gastronômico: pouca carne, muitos vegetais, menu conciso e que segue a oferta de produtos das estações do ano. Ali faz-se as próprias farinhas de trigo e milho e o próprio chocolate, além do pão, da polenta…
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Há anos venho diminuindo o consumo de alimentos derivados de animais, especialmente de carne. Em verdade, desde que comecei a estudar o sistema produtivo de alimentos, a visitar fazendas para escrever reportagens e a compreender o devastador impacto sócio-climático-ambiental (sem falar no moral…) que a criação de animais para consumo humano envolve . 🥦🥕🥒🥬🥝🍒 . Em casa, sou vegetariana há uns sete anos. Carne, só a trabalho e, ainda assim, priorizo pratos que a usem com sabedoria (em caldos, por exemplo) e em quantidade mínima possível. Comecei a observar atentamente o trabalho dos chefs e a notar como ainda é muito muito pequena a consciência de que gastronomia precisa andar de mãos dadas com o cenário macro dos tempos: é inconsequente demais ignorar a cadeia e impactos envolvidos na comida servida (ainda mais quando se fala em cozinheiros com presença midiática e que influenciam tantos outros). É inadmissível “não ligar pra esse papo de sustentabilidade”: ignorância e chacota não param aquecimento global, não detém desmatamento pra abrir espaço pra monoculturas, não cessam o uso maciço de antibióticos e agrotóxicos (e mais uma imensa lista de itens intimamente ligados ao uso e consumo monumental de carne) . 🥩🥓🍗🍖🌭🍔 . Ao meu ver, é muita preguiça apelar para o paladar humano primal servindo carne em todas os pratos, o tempo todo, sem nem cogitar fazer de outra forma. Preguiça de aprender, de testar, de mergulhar no inesgotável universo vegetal. O que me dá alento é a nova leva de cozinheiros que vem mostrando o quanto legumes, verduras, tuberculos, folhas, raízes, grãos, sementes, castanhas e cogumelos são sensacionais – e como carne pode ser considerada muito mais um tempero (nem sempre necessário!) do que componente indispensável. A foto é de um desses cozinheiros, o @cesarpdac, com sua criação sazonal: arroz de brócolis, azeite de salsa e ceviche de talo de brócolis que aporta acidez de fazer salivar de satisfação. . 🍴O modo que comemos molda o mundo. #vegan #worldveganday
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Nov 1, 2019 at 12:29pm PDT
O Quincho veio para revolucionar o conceito de comida vegetariana: esqueça soja, esqueça refogadinho sem graça. Neste bar/restaurante, as porções e pratos são fartos, deliciosos, cheios de vida. Tem coxinha, tem hamburgão, tem taco…
Ali prova-se o quase silencioso trabalho da chef Helena Rizzo em educar o paladar do público e fazer sua parte para mudar padrões de consumo, de forma leve e quase invisível para a maioria dos clientes: 80% do cardápio é vegetariano e a totalidade dos legumes e verduras, orgânicos, provenientes de pequenos e médios produtores.
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A nova Padoca do Maní Iguatemi (@manimanioca) é graciosa e serve excelente comida – no almoço, o PF (Prato Fresco) custa R$ 55 e traz quatro receitas escolhidas pelo cliente diretamente na vitrine de pratos do dia – sanduíches, tapiocas, tortas, pães, bolos, CUCA MARAVILINDA, saladas e combinados de café da manhã, das 7h30 às 22hs. 🤘🏻Vale também conferir a vendinha, com curadoria de produtos brasileiros artesanais feita pela chef Helena Rizzo. ••••••• A inauguração da Padoca do Maní Shopping Iguatemi poderia ser apenas mais uma novidade gastronômica “de grife” no microcosmo classe A paulistano se não fosse o quase silencioso trabalho da chef em educar o paladar do público e fazer sua parte para mudar padrões de consumo, de forma leve e quase invisível para a maioria dos clientes: ali, 80% do cardápio é vegetariano e a totalidade dos legumes e verduras, orgânicos, provenientes de pequenos e médios produtores. #padoca #padaria #bread #breakfast #cafedamanha #cuca #lunch
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Sep 10, 2019 at 10:26am PDT
Dos melhores restaurantes da cidade. Um vegano para qualquer pessoa que goste de comer bem. Muito bem.
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Tenho uma lista de cerca de 12 restaurantes que, atualmente, são meus favoritos na cidade.
Lá no topo dela, está o @tevavegetal. _______________________ Comida bem temperadíssima, saborosa, linda, repleta de texturas, criativa. Ótimos drinques, ambiente agradável. Sou fã confessa. Esse taco da foto é dos meus pratos favoritos: EITA COISA BOA! Jaca verde desfiada e refogada (úmida e cheia de sabor) com barbecue, milho e pimentão ao molho picante, salsa de palmito pupunha e tomate e, para finalizar, coentro. _____ Outro que nunca tinha provado e me surpreendeu pacas: o tofu. Até pouco tempo, eu tinha preconceito com tofu: achava esponjoso, insosso e sem graça. Só é assim com cozinheiro ruim… Esse aqui, suculento, vem banhado em encorpado molho agridoce de pimenta Gochujang e acompanhado por creme de edamame e hortelã. Perfeito para compartilhar, assim como o resto do menu. O sanduba de cogumelão Portobello e abacaxi grelhados, kale, cebola caramelizada e maionese caipira – envolvidos num puta pão delícia – está entre os meus pedidos constantes, assim como o doce lindão da foto, montado com bolo cremoso de amêndoa, “mascarpone”de castanha de caju, licor de amêndoa, café e ganache de chocolate. Ah, detalhe, nada no menu tem bicho. É isso aí: sem carne, leite e ovos e absolutamente delicioso. #segundasemcarne #meatfreeday #vegan #vegano #veggie
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Nov 25, 2019 at 6:42am PST
asdas
O talento de Ivan Ralston fica evidente em cada pequena joia servida nesse que é, para mim, o mais interessante, criativo e notável restaurante de alta gastronomia do país. Sempre que volto para provar um novo menu-degustação (criado do zero quatro vezes por ano), tudo fica melhor: comida, serviço, harmonização, drinques.
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O talento de Ivan Ralston é inversamente proporcional ao seu apreço por redes sociais, lobby e bullshitagem.
Ele é MUITO, MUITO talentoso.
E dedicado, criativo, centrado.
Sou fã de seu trabalho há tempos – e a cada vez que vou ao @tujurestaurante, tudo está ainda melhor. A cozinha, o serviço, a tocante evolução do menu. Para mim, seu trabalho traduz o que é alta gastronomia: sair em busca dos melhores produtores e produtos, trabalhar com ingredientes sazonais e que transpirem regionalidade e aplicar a técnica em prol do sabor. Prêmios – como suas duas estrelas Michelin – são consequência, não objetivo. ______________________________________ Nas fotos: . •Tempurá de flor de abobrinha com aviú e recheio de romesco •Ostra com caldo de coco verde, cenoura e caviar do Rio Negro •Peixe azul com escamas de alcachofra e aguachile verde •Ouriço do mar com echalote, pastinaca e limão •Cavaquinha com feijão manteiguinha, lardo, nabo, manjerona e alho poró •Tábuas de queijos artesanais paulistas e compotas •Sorbet de jabuticaba, mousse de limão-cravo, maria preta e batata doce . •Pêssego assado no mel de mandaçaia, shissô, creme de tomilho #michelin #michelinstar #finedining #foodphotography #brazilianfood
A post shared by Ailin Aleixo (@ailinaleixo) on Nov 14, 2019 at 12:25pm PST
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