ESTABELECIMENTO FECHADO
Já havia ouvido falar muito bem sobre o Rios e sobre o trabalho do chef Rodrigo Aguiar, mas nunca havia visitado o restaurante. Provavelmente ficou perdido no meio da minha longa lista de restaurantes a ir…
Então, neste ano, durante o Top Chef – no qual sou jurada -, minha curiosidade voltou a ficar atiçada: uma das competidoras, Giovanna Perrone, era subchef do Rios. E como cozinhava bem essa garota de apenas 23 anos! Tão bem que venceu a primeira edição do Top Chef e, imediatamente, passou a compartilhar o comando da cozinha com o chef-e-namorado.
Finalmente fui ao Rios.
O menu autoral abraça a cozinha brasileira e incorpora ingredientes e receitas nacionais de maneira criativa e cativante. O cardápio criado a quatro mãos tem coerência e personalidade. Uma só personalidade, nascida da mescla dos talentos de Giovanna e Rodrigo.
O couvert já sinaliza o capricho da dupla: pão de pamonha e erva doce servido quentinho, macio por dentro dentro e por fora, no melhor estilo “pão de fazenda”, acompanhado de espuma de requeijão e delicada terrine de porco na lata (R$ 30, serve duas pessoas).
Delicadeza também é a marca da porção de mini coxinhas (R$ 26): recheadas com galinha de galinha caipira, são levemente defumadas na hora de servir. Ao lado, para chuchar as belezinhas, fonduta de burrata.
Ah, burrata… esse queijovirou modinha gastronômica da cidade. Não há cardápio de restaurante italiano/mediterrâneo que não sirva a bola branca feita de leite de vaca, com “casca” de mussarela e recheio de creme de leite grosso e straciatella. O que poderia ser mais uma burrata monótona, no Rios se tornou entrada para compartilhar daquelas de dar briga para ver quem fica com a última garfada. Ali, vem sobre interessantíssimo pesto de amendoim, tomate defumado, pancs e fatias gordas, tostadas na chapa, de pão de tapioca com amendoim e castanha de caju torrada (R$49).
Na seção de entradas individuais há sugestões como a Beterraba marinada com purê defumado de beterraba, mousse de saint marcelin e erva doce (R$ 38) e Ovo frito, espuma de bacalhau, farofa de golos de milho e embutidos da Mantiqueira (R$ 45).
Os principais trocam a delicadeza pela potência. É o caso dos quatro bem preparados pedações de chorizo, escoltados por (excesso) de “cuscuz” de farinha uarini e mostarda, vinagrete de carne, cogumelo eringui grelhado e azeite de brasa (R$ 69) e o Arroz cateto cremoso sob polvo grelhado macio, pimenta biquinho, maionese de dedo de moça e tempurá de fermento natural e tinta de lula (R$ 69).
Se não tivesse comido tanto, pediria também o Risoto de queijo tulha, nibs de cacau, purê de figo e especiarias brasileiras, figo grelhado e pó de café (R$ 61), criação de Giovanna: provei uma versão simplificada desse prato durante o Top Chef e achei delicioso.
Para sobremesa, vá de “mil folhas” montado com finos biscoitos amanteigados de cardamomo, entremeados por creme de baunilha e doce de abóbora (R$26). Eu já sei até o que pedirei na próxima visita: Bolo cremoso de milho verde, crocante de canjiquinha, cremosa e pamonha e chantilly de cumaru (R$ 26)
A única coisa em descompasso no Rios é o ambiente: o salão sisudo e genérico (assim como a trilha sonora) parece pertencer a algum restaurante impessoal de hotel.
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