Henrique Fogaça não é um cara marqueteiro – nem assessoria de imprensa ele tem-, não é dado a tapinhas nas costas e tem um certo ar de bravo. Seria um caso preocupante no cenário gastronômico paulistano, tão dado a figuras que mais aparecem na tv e em colunas sociais do que perto de seus fogões. Mas Henrique é um cozinheiro tão talentoso que não precisou se render ao estilo chef-celebridade para manter, firme e forte, seu pequenino Sal Gastronomia por mais de sete anos. Basta provar suas criações para entender a razão.
Situado no pátio da Galeria Vermelho, os 35 lugares do Sal geralmente estão tomados. Muitos clientes vão lá por conta do famoso atum em crosta de gergelim com molho teryiaki, arroz negro, pupunha e tomate (R$ 68); outros, pelas tostadas de polvo ao vinagrete de maçã verde e hortelã (R$ 34). Eu vou pelo prato que me causa salivação instantânea pela sua simples menção: grandes nhoques de mandioquinha dourados na frigideira e acompanhados de espesso, levemente adocicado e aromático ragu de javali (R$ 58). Nussa, nussa, nussa.
Nesta minha última visita, decidi ir com calma e, antes de me jogar no nhoque, pedi duas entradas que nunca havia provado: siri mole crocante (R$ 30) e palmito pupunha assado com óleo de castanha do pará e manjericão (R$ 19). Siri mole empanado com Panko, levíssimo, sobre leve vinagrete de tomate com cebola roxa: fresco e delicado. O pupunha veio maciíssimo, amanteigado. Ambas muito boas.
O meu principal vocês já sabem… Meu amigo se deu benzão quando aceitou a recomendação do dia, que não está no cardápio, e pediu um dos melhores prato que já provei no Sal: risoto de polvo com açafrão iraniano (R$ 78). Antes que você ache caro: a porção é pra lá de bem servida, com abundância de polvo tenríssimo e o sabor adstringente, agradavelmente ferroso, potente e particularíssimo do açafrão brilhando na composição. Beleza pura.
Para sobremesa, resisti ao meu tão querido saguzão ao leite de coco com frutas tropicais e calda de maracujá (R$ 12) e fui de azedinha torta de maçã verde combinada com um surpreendente e cheiroso creme inglês com cardamomo (R$ 16). Meu amigo, de novo, mandou bem: brigadeiro cremoso com castanha do pará acompanhado de sorvete de paçoca (R$ 14).
Enquanto me lambuzava com o doce, voltei a olhar o cardápio e decidi o menu da minha próxima visita: queijo coalho tostado com melado e uva verde (R$ 18), copa lombo com farofa de maçã, uva passa, castanha do pará, quiabo e tomate (R$ 44) e mousse de chocolate, caramelo e sal negro (R$ 18). Sim, tenho o olho maior que a boca…
Sal Gastronomia: Rua Minas Gerais, 350, 3151-3085
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