Rodolfo de Santis é um putsa cozinheiro. Como quem lê o Gastrolândia sabe, elogiei muito seu trabalho no Domênico, restaurante do qual criou o conceito, o menu e chefiava a cozinha – que já está finado e enterrado, graças ao proprietário que demitiu Rodolfo, metade da equipe, assumiu as panelas e levou a casa pro abismo em menos de 3 meses (no mesmo endereço vai funcionar o novo restaurante de Salvatore Loi em sociedade com Ricardo Trevisani).
As 27 anos, o italiano Rodolfo já passou por casas em seu país natal, na França e na Suíça, tendo chegado ao Brasil há pouco mais de três anos para chefiar o Biondi. Saiu de lá para o Domênico, teve uma breve passagem pelo Italy e estava prestes a embarcar para Moscou, para trabalhar no novo hotel Four Seasons, quando eu coloquei um post no Instagram mostrando toda minha indignação com a gororoba que havia se transformado a comida do Domênico – foi então que o chef Benny Novak viu a foto, me perguntou quem era o tal chef que eu elogiava tanto e…. semanas depois, Moscou já era e Rodolfo se instalava no Tappo.
Rodolfo é um cara de técnica impecável, experiência e cabeça no lugar – três itens que, hoje em dia, quase não andam juntos. Sua comida, repito, é formidavelmente boa.
Fico felicíssima em ver o sucesso de gente talentosa. Mais feliz ainda por poder colaborar com ele.
O menu ainda está sendo trabalhado e terá alterações (como a diminuição do número de pratos), mas já é possível provar massas perfeitas como o Cavatelli artesanal com linguiça e cogumelos em espetacular molho de tomate, o Spaghetti carbonara (R$ 42) e a preferida de uma grande amiga, a Paste com le sarde (bucatini com sardinha, uvas passas, erva doce e pinoli, R$ 41).
Sou apaixonada por miúdos e foi um deleite provar alguns tão bem executados e cheios de sabor no Ventriglio e fegato di pollo, ou seja, moela confitada e fígado de frango acebolado com uvas verdes flambadas na grapa (R$ 23). Tremenda entrada. Se você prefere algo mais tradicional, não perca a famosa salada caprese da casa, feita com tomate inteiro confitado, mussarela de búfala, tomate fresco e molho pesto (R$ 28).
Na penúltima vez que comi o Linguini com lagosta e molho de tomate (R$ 59) ali, ele estava salgado em excesso e com molho sem gosto algum. Agora, quanta diferença! Lagosta de carne macia, tenra; pasta banhada em molho de tomate levemente adocicado, sem acidez. Uma beleza. Tão bom quanto o Pescatore (lulas, vieiras, camarão e polvo, R$ 74), que pedimos com espaguete mas pode vir com Risoto, orzo ou polenta. Frutos do mar trabalhados com excelência.
Terminei a refeição com um trio impecável de sobremesas: Castagnaccio (torta achocolatada de nozes, avelãs e uvas passas brancas, R$ 18), levíssimo e excelente Tiramisú (R$ 17) e a imbatível Pannacotta com caramelo de Vin Santo e baunilha (R$ 17).
Pois é, talento faz uma diferença e tanto. Pena que alguns chefs/proprietários/investidores não percebam algo tão evidente.
Tappo Trattoria: Rua da Consolação, 2967, Jardins, tel.: 3063-4864
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