Vila das Meninas: comida brasileira caprichada em um lugar bem especial

Pastel de angu: jizuis!

 Trabalho em Pinheiros há mais de uma década e sempre me surpreendo com os restaurantes e quituterias que abrem por lá e permanecem conhecidos só por quem frequenta as redondezas. Ontem, passando pela rua pela qual ando todos os dias, resolvi entrar por uma portinha que dava para um corredo compriiiiiido, cheio de flores. Sabe-se lá o que eu encontraria, mas se a porta estava aberta é sinal de que eu podia entrar.     

Me deparei com um pátio lindo com cadeiras e mesinhas sob a sombra de árvores e uma fonte jorrando água lentamente. A luz do sol era filtrada pelas folhas e refletia de maneira caleidoscópica nas paredes. Parecia eu que havia chegado a um mini-paraíso enfiado em Pinheiros. Mas não era: era melhor. Paraíso não tem comida e lá tem da boa. Muito boa. 

A Vila das Meninas é um daqueles lugares que dá prazer em conhecer: agradabilíssimo, calmo, atendimento atencioso, decoração aconchegante/rústica e cozinha caprichada. Sentei no arejado e claro salão interno e fiquei observando as pessoas ao meu lado tomando taças de espumante como se a tarde fosse sua melhor amiga– morri de inveja– mas tive que me abster: tinha que encarar uma maratona “maiomêno” de trabalho… Lendo o menu em formato de livro, fiquei sabendo que a criação do restaurante foi resultado da amizade de duas cozinheiras mineiras que acabaram mudando-se para São Paulo com seus maridos e viraram ótimas anfitriã: seus jantares caseiros oferecidos para os amigos eram tão bem sucedidos, tão elogiados que, um belo dia, resolveram fazer do hobby algo sua ocupação principal– daí abriram, há um ano, a Vila das Meninas.    

Frango confitado com jiló caramelizado, batata e alho assados

Cardápio extenso, repleto de pratos tradicionais da cozinha brasileiras e algumas reinterpretações. Quase pedi a Salada de folhas verdes com brie empanado e geléia de pimenta (R$ 24) porque vi uma passando por mim e comecei a salivar diante dos pedações de queijo com casquinha morena… mas fui arrebatada por algo que amo de paixão: Pastel de Angu (R$ 15). A porção de sete pasteizinhos é farta, mas o melhor é que a fritura é perfeita, sequinha, leve, tem recheio suculento de carne moída temperada no ponto e uma ótima geléia e pimenta para acompanhar. Tive que me segurar pra não comer a travessa toda.     

Para o principal, quase mandei algo raro de ser encontrado em São Paulo, calórico e gostoso às pencas: Arroz de puta rica (R$ 40). Confesso que fiquei meio temerosa quanto ao meu desempenho profissional vespertino depois de um pratão de arroz com linguiça, kafta, batata palha e farofinha de feijão. Oscilei entre o Camarão ao leite de coco (R$ 48) e o Peixe ao forno com banana (R$ 44) mas acabei em algo bem mais desafiador, com potencial para ser um desastre: Confit de frango com jiló caramelizado (R$ 42).     

Para sobremesa, tudo o que queria era a Torta de Maçã da Flávia (R$ 17) mas como estava sozinha, não queria arcar com mais essas calorias sem ter com quem dividir. Então pedi uma bola de sorvete de goiabada cascão da Gelée (R$ 6) e… ótima escolha. Caramba, como o sabor da goiabada preenche toda a boca e dá alento à alma. Taí um doce bem brasileiro com o qual poderia casar e ter filhos.