Depois de passado o alvoroço midiático com a abertura do Eataly São Paulo, em maio último, já é possível visitar o mega-mercado com um pouco mais de paz. Claro que o endereço vive lotado, especialmente seus restaurantes e especialmente no horário das refeições (a maioria deles fica aberto direto), mas já não é aquela peregrinação ao Santo Graal Gourmet – é possível andar pelos corredores sem pedir quatrocentos “com licença”.
O único restaurante lá com proposta mais “não tenha pressa”, ou seja, no qual é possível sentar e comer com sossego, é o Brace. Também é o único com salão isolado, no último andar. Sob o comando da talentosa chef Lígia Karasawa, o Brace é completamente dedicado à brasa: carnes, vegetais, frutas, tudo passa pela bela grelha da cozinha aberta para os olhos dos comensais.
Se você quiser um lugar sem encarar uma hora de espera, vá cedo. Bem cedo: lá pelas 12hs. Se não, coloque o nome na lista e aproveite para relaxar no bar, petiscar as entradas e tomar o excelente rótulo da Academia Barbante de Cerveja, uma Witbier (R$ 12) delicadíssima e com adição de limão siciliano, feita ali mesmo, e observar o movimento.
Vale pedir o couvert composto por bons pães feitos diariamente na padaria do Eataly (italiano, de nozes e grissini), manteiga de parmesão e caponata com vegetais crocantes e não atolados em azeite (R$ 12).
Entre as seis opções de entrada, mostrou-se uma boa escolha a Salsicci alla Brace (linguiças de fabricação própria e linguiças de javali defumada, saborosas e com pouquíssima gordura, e tomate na brasa, R$ 24) e o Crostini de Prosciutto di Parma, queijo Fontina e figos assados sobre pão grelhado (R$ 30). Há também Tábua de queijos e frios (R$ 52).
Se dieta for seu lema, vá de salada de lula na brasa com erva doce e chutney de maçã verde (R$ 36) ou de verduras da estação grelhadas com sardela (R$ 32).
O menu é bem conciso e oferece apenas sete pratos principais. Realmente não vejo problemas: prefiro poucos bem feitos à muitos mais ou menos, mas o fato causa estranhamento em alguns clientes.
Se gostar de massa, prove o Vesuvio da marca italiana Alfeltra com ragú de porco picante, tomate, rúcula e parmesão (R$ 52) ou o Pappardelle com abobrinha grelhadas, tomate seco, queijo fresco e manjericão (R$ 48).
Na seção de carnes, fui bem feliz com o Peixe do dia – no caso, um robalo fresquíssimo e muito, muito bem preparado – acompanhado por purê de abóbora, cenoura e laranja (R$ 53).
Da grelha sai também Bife de chorizo (R$ 65), Picanha (R$ 62) e Bisteca alla fiorentina (R$ 185, para duas pessoas) – sem acompanhamento, que são cobrados à parte (R$14, cada), e incluem salada de folhas, pimentões assados, gordinhas batatas fritas Brace, polenta cremosa com parmesão e mascarpone e vagem holandesa picante.
Para a sobremesa recomendo os ótimos pêssegos grelhados com mel de flor de laranjeira e sorvete de Fior di Latte (R$ 18).
Se é barato? Não, certamente. Se é caro demais? Não. Os ingredientes usados são de evidente qualidade, muitos deles importados; a equipe de cozinha é afinada; fica dentro de um mega empreendimento no Itaim.
Problema mesmo nas três vezes em que estive lá foi o serviço lento e desatencioso, de uma displicência de irritar até estátua. Tomara que na sua visita os garçons desliguem o celular e olhem pro salão, não para o WhatsApp.
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