Em janeiro deste ano, uma das chefs mais respeitadas do país, Roberta Sudbrack, fechou seu restaurante de alta gastronomia no Rio de Janeiro, o RS: “Os chefs transformaram a alta gastronomia em algo cansativo, e eu me incluo nisso. Evoluímos enormemente na cozinha mas esquecemos de trazer a brasilidade para o serviço. O ritual ficou muito chato”. A notícia pegou muita gente de surpresa, especialmente aqueles que veem estrelas Michelin como a única medida de sucesso: ela possuía uma e isso não deteve sua decisão.
Em entrevista a mim, em fevereiro, Roberta desabafou: “Com todo respeito ao Michelin, abrir mão dessa estrela foi o que menos doeu. O que mais doeu foi tirar minha cozinha do lugar. Não fechei só um restaurante, fechei um lugar que tem importância pra mim e também para a gastronomia brasileira”.
Quais serão os próximos passos da chef? Segunda ela mesma: “Quero coisas que me conectem profundamente com o que penso ser a essência do cozinheiro: fazer feliz para ser feliz”. Essa felicidade inclui seu novo restaurante, a ser inaugurado em breve no Jardim Botânico – bem diferente do RS, contará com um grande forno a lenha integrado ao salão e comida afetiva – e a curadoria gastronômica e assinatura do menu do restaurante do Hotel Arpoador, que passa por grande remodelação e será reaberto em novembro.
A pegada do cardápio do Arpoador fica clara nas palavras da chef: “Comida fresca, simples e descontraída – com o mar como ponto central -, que envolva serviço de quarto, bar, café da manhã, praia, piscina, almoço, jantar e hospitalidade“.
Por que, mesmo com tantos convites ao longo da carreira para assumir restaurantes de hotéis, aceitou este específico? “O Arpoador é um ícone carioca, um hotel intimista, de gestão familiar extremante preocupada com conceito e qualidade. Para mim, veio no momento certo, no qual queria me expressar com mais liberdade mas em conexão com a qualidade, a excelência e os ingredientes brasileiros, que sempre foram alicerces do meu trabalho. A curadoria é uma oportunidade de fazer coisas que eu sempre acreditei, mas em outros formatos.”
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