São Paulo, até pouco tempo, tinha poucas marcas de sorvetes. E maioria delas usava (algumas ainda usam) base de sorvete italiano comprada em lojas especializadas, o que é bem broxante para o consumidor que lê o “artesanal” estampado no copinho. De quatro anos pra cá, algumas boas opções surgiram, como a Vipiteno, que efetivamente tem seu processo artesanal.
Em novembro de 2012 nasceu a mais nova, CuordiCrema, no Itaim. Para mim, a melhor por ter seus gelatti estilo italiano completamente livres de conservantes, espessantes ou corantes, o que resulta numa massa aerada, sedosa, com sabor vibrante do ingrediente e pouquíssima gordura, de fabricação diária. Porque se eu quisesse uma pasta láctea gordurosa e gelada, congelava creme de leite com achocolatado…
Idealizada pelo italiano Fábio Lampugnani- proprietário de 15 lojas na Europa e Oriente Médio- a CuordiCrema me surpreendeu pela vivacidade de seu produto. Dar uma colherada no sorvete de Pera Abate– típica da Emilia Romagna- é como morder a fruta fresca, madura, friazinha e cremosa. Ali, só existe ela, água e pouco açúcar – grita o sabor cristalino e vibrante do ingrediente. Isso se repete em todos os sabores que provei como pistache, cioccolato dell’Equador, coco, nocciola, chocolate com lascas de casca de laranja, limão do Lago de Garda…
Os sorvetes de fruta são, na realidade, sorbets, por não levarem leite. Os cremosos- como as versões de chocolate e pistache, por exemplo- tem leite premium. Apenas dois sabores possuem adição de gemas (a base mais comum de sorvete é o creme inglês, feito de leite e gemas). A receita dos produtos da CuordiCrema resulta em um produto menos oleoso do que de costume- isso pode causar estranheza em alguns- e muito, muito menos gorduroso. Para se ter uma idéia, os sorbets tem 0% de gordura; o mais gordo, o Delizia (chocolate meio amargo e avelã), 9,5%. Quer comparar? O de Chocolate Chip da Haagen-Dazs tem 29%; o de Morango, 23%.
O resultado final é tão agradável não devido a quilos de creme de leite e espessante, mas sim pelo uso de produtos selecionados e pelo método de preparo- que fica às vistas do cliente em uma vitrine para a rua-, feito por uma máquina de nome Cattabriga, criada em 1927 na Itália, com função de incorporar ar na massa, mexendo-a a todo instante para que mantenha o frescor e a elasticidade.
Outro ponto bacana é a exposição: nada de vitrines. “O gelato não pode ficar exposto ao consumidor, isso faz com que ele perca suas verdadeiras propriedades. O sabor e a textura do gelato também se perdem” , explica Davide di Fonte, mestre gelatier e consultor responsável pelo projeto no Brasil. Por isso os sorvetes são acondicionados no Pozzeto, freezer especial que promete mantê-lo em condições ideias para o consumo, com temperatura constante de -14C e bloqueio de luz e oxigênio.
Na hora de comer, sempre peço copinho porque é impossível não me babar com a casquinha. Mas, olha, vale a pena a lambança- saborosa e bem crocante, pode ser recheada com chocolates belgas quentes nas versões meio amargo ou ao leite. Então, no final do seu sorvete, você ainda tem aquela camada absolutamente deliciosa, o finalzinho do cone cheeeeeio de chocolate.
Os preços: copinho pequeno, R$ 9 (até dois sabores), médio, R$ 11 (até dois sabores), grande, R$ 13 (até 3 sabores); cone pequeno, R$ 11 (até 2 sabores), médio, R$ 13 (até 2 sabores). Os sabores são sazonais, especialmente os de frutas, numa oferta média de 18 por dia entre as 89 receitas da marca. Tô só vendo quantas vezes terei que voltar…
CuordiCrema: Rua Manuel Guedes, 349, Itaim, tel.: 3071-3147
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