As redes sociais podem ser usadas para falar asneiras ou propagar imbecilidades mas também servem para trazer boas notícias e novidades interessantes. Esse foi o caso com a Casa Síria, que conheci pelo Instagram – e, confesso, a beleza da comida me levou até minha cidade natal, São Caetano do Sul, endereço do restaurante aberto no começo de 2013.
Absolutamente simples, com televisão ligada na Globo, paliteiro de plástico, serviço lento e salão barulhentão devido ao movimento incessante de carros na rua. Se isso me importou? Não. O lugar transborda a paixão da realização do sonho do cozinheiro e proprietário, Enrique Mamede Matipo, que decidiu resgatar as receitas de seus bisavós sírios e mesclar a elas algumas especialidades de origem turca-armênia.
Sua cozinha é absolutamente rústica, farta, sem economia em molhos, temperos e especiarias. Daquelas de sair feliz e rolando, de tanto comer.
O processo ali é bem artesanal: ele tira o pedido, vai pra cozinha preparar, traz de volta para o cliente. Se demora? Sim, demora. Por isso vá com calma. Vale a pena, especialmente pelas esfihas de massa adocicada, macia no interior e crocante nas bordas. Pirei na mega esfiha canoa, estilo turco, de basturma (ou basterma; carne curada com especiarias), ovo e queijo (R$ 20). Sério, poderia almoçar só ela, garfando pedaços da massa e molhando-os na gema molinha e quente… Também matadora é a Pide de sujuk (linguiça siria picante), queijo temperado com salsinha e ovo (R$ 20).
A lista de esfihas, assim como o menu, é extensa: tem de carne (R$ 3,5), de queijo com zaatar (R$ 4,50), de berinjela com queijo (R$ 4,50), de coalhada com zaatar (R$ 4,5) e até de queijo com goiabada (R$ 4)! Delicioso o Batersh, babaganuj bem temperadíssimo e de defumação acentuada, finalizado com carne ao molho de tomate e especiarias, pistache, castanha de cajú e amêndoas fritas na manteiga (R$ 25).
Indico mais duas especialidades da Casa Síria: o Sujuk Sharq , uma espécie de ensopado de linguiça síria, muitos pimentões fatiados, tomate, cebola e molho de tomate artesanal (R$ 25). Fica uma beleza acompanhado pelo pão sírio de fabricação caseira, servido quente. A outra é a kafta na bandejaa imensa, saborosa e fartíssima em temperos, chamada Kafta Bi Siniye: a imensa porção de carne vem coberta por molho de tomate, lâminas de batata, cebolas e tomate (R$ 24) e alimenta, na boa, três pessoas.
Se você quiser sair do comum, prove os pratos especiais da casa como Homus Kawerma (homus coberto por carne temperada e preservada, salsa e nozes na manteiga, R$ 25), Mutabal Shawandar (pasta de beterraba com tahini, limão alho e coalhada, R$ 25) e Foul (salada de fava síria com cebola, tomate, salsa, limão e cominho, R$ 20).
Eu ainda preciso comer todos eles além do Kibe (R$ 4), os sanduíches de Shawarma e falafel (R$ 18, cada), o Laben Bi Khiar (coalhada fresca com pepino picado, hortelã, alho socado, salsa e sal, R$ 17,90), o Mudejara (arroz com lentilha e cebola frita, R$ 18) e alguns dos sete beirutes, como o Nabati, que leva berinjela refogada com pimentões, cebola, champignon, queijo, azeitona e pasta de alho (R$ 25). Avisei que o cardápio é imenso… Mas fique esperto porque às vezes existem itens faltando, caso do dia da minha visita em que fiquei aguada pela coalhada mas ela não existia.
Os doces árabes também são de fabricação caseira – coisa rara!- mas provei somente o bolo de semolinha com mel e água de rosas porque era o único disponível no dia. Custa R$ 5,50 a unidade.
Casa Síria: Rua José Paolone, 146, São Caetano do Sul, tel.: 4226-3093
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