São Paulo está começando a ter número decente de lanchonetes e restaurantes que retratam a cozinha dos nossos vizinhos da América Latina. Primeiro foram os focados no preparo do ceviche ao modo peruano – La Mar, Killa, Suri. Depois, mais recentemente, o La Sanguchería (comida de rua peruana) e o Sabores de mi Tierra (comida de rua colombiana). Agora é a vez do Guanahaní, restaurante de gastronomia latinoamericana, com pegada mais colombiana, inaugurar na Rua Joaquim Antunes, no pedaço antes da Av. Rebouças.
Bem estruturado, localizado numa gostosa casa inteira reformada e decorado com cores vibrantes e palmeiras, o Guanahaní tem brigada bem informada sobre o menu, muita luz natural em seu pátio com teto retrátil, cardápio amplo e que dá uma boa ideia do país natal de uma das sócias, a colombiana Pupi Lopez.
Gostei especialmente de passear pelas opções de petiscos, sem necessitar pedir pratos principais para se ter ideia dos sabores e receitas tradicionais. Ou seja, é um restaurante mas funciona muito bem também como bar – os drinques com rum são vários, como o Tiki Guanahaní (rum, melancia, lima da pérsia e especiarias, R$ 19) e algumas versões de Mojito (média de R$ 19). Prove as gordinhas Ysangas, cestinhas de banana da terra recheadas com camarão, polvo com especiarias, frango com laranja ou cogumelos frescos (R$ 17) e as ótimas Carimañolas, bolinhos de massa de mandioca recheados de carnes bovina e suína e temperos do norte da Colômbia (R$ 15, 3 unidades).
Da cozinha comandada pelo colombiano Jair Alfonso Abril Rojas, formado chef no SENA em Bogotá, sai também a Picada Guanahaní (misto de pipoca, carne de sol e chips de banana, R$ 14) e as Empanadas de milho recheadas com carne, ou pipián (pasta de amendoim, batata e temperos andinos; R$ 14, porção de 6 unidades).
Entre as criações da casa, agora falando de principais, agradabilíssimo o adocicado que permeia o prato de Lombo suíno assado ao molho de tamarindo acompanhado por risoto de café com cogumelos (R$ 40) – se você acha estranho café em preparos salgados, prove e verá que o sabor dele aparece apenas de fundo, dando um tom torrado/terroso. Não é de se estranhar que usem largamente o ingrediente, afinal são um dos maiores produtores de café do mundo (estranho é nós usarmos tão pouco!). Só achei o tamarindo, que equilibraria a criação com sua acidez, apagadão.
Para a próxima visita estão agendados mentalmente o Camarão do Vice-rey (camarão rosa GG flambado no rum, molho de cebola com tomate e creme azedo, arroz de coco e bastões de patacón- banana da terra frita -, R$ 70) e o carré de carneiro ao forno com crosta de quinoa e arroz guapi, feito com melaço de coco (R$ 54).
Coma um dos clássicos colombianos, o Ceviche Cartagenero, de camarões. Ao contrário do seu primo peruano, este ceviche tem caldo encorpado e quase nada ácido, feito com tomate, laranja, pimentão, milho, coentro e manga e acompanhado por bastões de “patacón”, bastões de banana-da-terra fritas (R$ 35). Ainda no mar, há o Viudo de Pescado (filé de peixe frito, molho crioulo com coentro, mandioca, batata e milho verde cozidos na filha de bananeira, R$ 43). Se quiser chutar o pau da barraca, a Lechona (barriga de leitoa recheada com arroz, ervilha, carne suína e batata, acompanhada por pururuca, arepa branca e guacamole, R$29) me pareceu beeeem interessante. Se comer, me diga o que achou.
Termine com a gostosa taça de Mini suspiros intercalados com graviola geladinha e creme (R$ 16) ou com o leve pudim – olha ele aí de novo! – de café com calda de rum (R$ 13). Fiquei na vontade do Mousse de Curuba, fruta muito consumida na Colômbia, em falta no dia (R$ 16). Não passe o café: oriundo do Sul de Minas, encerra dignamente a refeição.
Guanahaní: Rua Joaquim Antunes, 391, Pinheiros. tel.: 3060-9169
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