Comida virou modinha. Aumenta a cada dia o número de pessoas que tolamente procuram por fama, consagração, citações no Facebook/Twitter/Instagram pelo simples fato de ter acesso a restaurantes (e suas altas contas) e compartilhar fotos de pratos. Alguns chefs, visando os elogios vazios destes, fazem malabarismos gastronômicos e sociais para participarem no grupinho ‘cool’ e pseudo-formador de opinião (a minha opinião é que quem se influencia por gente assim é tão wanna be quanto eles…). Esse fenômeno acontece aqui em São Paulo, em Nova York, em Londres…
Felizmente muita gente prefere comer bem de verdade – até, por que não, postar fotos – em vez de tentar ser o primeiro a ‘descobrir’ o chef X ou o restaurante Y. Muita gente prefere a felicidade de sentar-se à mesa e sentir a delicada e efusiva antecipação dos sabores que virão.
Gente que prefere o prazer de deliciar-se com uma refeição à posar de bacana/entendedor ao falar sobre as técnicas usadas em cada prato. Gente que gosta, mesmo, de comer bem. Sem babaquice.
O Museo Veronica é para essas pessoas.
Fundado por dois sócios do cultuado Maripili, na Chácara Santo Antônio, o Museo Veronica instalou-se num bairro que apesar de bem populoso tem poucas opções gastronômicas realmente boas: Moema. No mesmo estilo da casa-mãe, é pequeno, simples (porém mais charmoso) e tem preços até emocionantes de tão sensatos. A comida? Espanhola rústica, bem feitíssima, saborosa.
O menu não é extenso mas tem tudo que se pode querer: petiscos como o excelente Pão com tomate (R$ 8,50) – poderia almoçar apenas quatro deles e duas taças de vinho- , o Mix de embutidos (R$ 20), a Morcilla (R$ 14). Como entrada, peça a melhor Tortilla (R$ 7) de batata de São Paulo: úmida, com sal no ponto certo, cede maciamente ao toque do garfo. Palmas. Ainda antes do principal há Ovos com cogumelos (R$ 18) e croquetas (R$ 20).
Ali, não deixe de tomar vinhos. Mesmo. A carta de é precisa, a ótimo-custo benefício. Os valores variam de R$ 29,90 (Cava Negra Bodega Barberis) a R$ 135 (Pasus Reserva) a garrafa. Além disso não cobram rolha, caso você queira levar o seu, e tem um sommellier simpático, didático e eficiente. Pedi um Chardonnay Finca La Daniela, para apaziguar meu mau humor por conta do calor de 36 graus, e foram R$ 39 muitíssimo bem empregados.
Os pratos principais seguem a proposta da casa: comida boa com simplicidade. Nada de enfeitinhos ou “arte”, mas sim talento, experiência e sabor. Me encantei pela mistura de terra e mar, tão pungente e equilibrada, das magistralmente bem temperadas Almôndegas bovinas com lulas ao molho de tinta de lula (R$ 30). Para mim, O prato do Museo Veronica: Carrillada. Bochecha de boi breaseada com legumes, que formam um caldo suculento e espesso, servido sobre purê de batata (R$ 32). De raspar o prato com pão até ficar tão limpo que nem vão notar que acabou de ser usado.
Termine com a Tarta de queso (R$ 10) que leva um toque de licor espanhol de anis e uvas-passas gordinhas e é melhor que qualquer cheesecake sobre a face da Terra.
Para quem ama comer bem. E sem frescura.
Museo Veronica: R. Tuim, 370, Moema, tel.: 5051-2654
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