Não sou facilmente impressionável. Mas, dia desses, em uma visita ao Arturito, me impressionei. Primeiro pelo ambiente agradável; depois, pelo serviço cortez e eficiente; e, mais do que tudo, pela cozinha emotiva, dedicada e magnífica da chef Paola Carosella.
Fui lá para conhecer os embutidos que a chef– depois de muita pesquisa– começou a fazer na casa: prosciutto de pato, foie gras de fígado de frango orgânico, linguiçinhas mescla de porco e coelho e terrine campagne. O que chegou a mesa foram pequenas peças de ourivesaria gastronômica. Irretocáveis. Acompanhados de pão integral e crostata também fabricados no Arturito, quentinhos. O que mais me encantou foi omagret de pato (feito como prosciutto) acompanhado de avelãs, radicchio, mel e aceto balsâmico envelhecido (R$ 28). Ao ser perguntada por mim porque havia resolvido fabricar embutidos, que dão trabalho abissal, a resposta foi: “porque adoro ter trabalho. E porque me dá imenso prazer”. Percebe-se no sabor.
Entre os pratos principais, prove o etéreo gnocchi de ricota de búfala com molho encorpado de tomate e linguiça caseira de porco.
As sobremesas, criadas pela chef pâtissiér Carolina Perez, seguem o padrão de delícias. Duas se destacam: a meia pera caramelizada com amaretto, acompanhada de um levíssimo creme gelado de baunilha acomodado sobre uma cama fina de massa crocante de sementes (R$ 24); e, para quem ama chocolate, o surreal mousse de Valrhona Caraïbe guarnecido de biscoitos finíssimos de sal Maldon (R$ 24). Coloque na boca sempre um bocado de mousse em cima do biscoito e sinta a explosão da mistura de texturas e a contradição complementar do açúcar-sal.
Noite feliz. E entrou na lista dos meus preferidos.
Arturito: Rua Artur de Azevedo, 542, Pinheiros
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