Paris não é, definitivamente, um destino Gluten Free. Não, mesmo. Paris cheira a pão. Paris é croissant, choux, éclair, tartelette, brioche. Paris é baguete. Paris é glúten na veia!
Sendo assim, se você é celíaco ou está surfando na onda “trigo é o demo”, pare agora de ler: nada aqui lhe será útil. Mas se tem paixão por pão, como eu, em sua próxima visita a uma das minhas cidades preferidas separe um dia para conhecer estas boulangeries (padarias, porém nada parecidas com as brasileiras) e boulangeries/pâtisseries (padarias/docerias). Garanto que será memorável.
Neste pequeno guia estão estabelecimentos que levam a panificação a sério, produzindo a maior parte de seus pães com fermentação natural, o que confere maior profundidade de aroma e sabor. Esta viagem, aliás, foi uma riquíssima incursão pela história e sabores do mais antigo e cultuado dos alimentos produzidos pelo homem, realizada a convite da Puratos. A multinacional possui um sensacional centro de estudos e pesquisa sobre pão, na Bélgica, que será, juntamente com todos os detalhes sobre levain, tema de outro post.
E viva o glúten! Que com manteiga fica ainda melhor!
Du Pain et Des Idées
Nunca comi pães mais saborosos. Na vida. Se parecer exagero, desculpe, mas é a mais pura verdade. Aberta em 2002 no mesmo endereço em que funcionava uma boulangerie desde 1889, a Du Pain et Des Idées é daqueles lugares nos quais sentimos a paixão de quem faz o produto em cada mordida, em cada inalada no aroma torrado que paira no ar deste único e minúsculo endereço.
O criador deste sucesso absoluto é o aclamado padeiro Christophe Vasseur. Não por menos: seu pain des amis, um dos carros-chefe, é apenas espetacular. Grande (daí o nome, pão dos amigos, feito para ser compartilhado), de casca dourada e crocante, interior compacto e macio, tem sabor levemente azedinho – conferido pelo lévain, ou fermentação natural – e aroma de avelãs. E o que dizer da tesuda tartelette de massa folhada, coberta por maçã e pincelada com generosa camada de manteiga salgada?!
Compre seu l’escargot (massa folhada doce, enrolada em forma de caracol), seu pão de nozes ou alguns dos pequenos, com recheio salgado, e torça para ter lugar na única mesa, comunitária, do lado de fora. E coma como se não houvesse amanhã.
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Thierry Meunier
Detentor do título de Meilleur Ouvrier de France, honraria máxima concedida aos melhores artesãos do país (categoria que inclui chocolateiros, padeiros, queijeiros, marceneiros…) e entregue pelo presidente em pessoa, Thierry Meunier possui quatro lojas em Paris, tão reconhecidas pela alta qualidade dos pães quanto dos doces.
Recomendo fortemente os divinais financiers – bolinhos com massa de amêndoas e manteiga queimada – e os Canelés mais incríveis que já provei. Especialidade da região de Bourdeaux, de textura levemente puxa-puxa e interior aerado, leva rum, baunilha e gemas na receita.
Só nem pense em fotografar dentro da loja: a galera é bem incisiva em proibir…
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Liberté
Conheci a Liberté no ano passado, ao visitar a Galerie Lafayette Gourmet (clique AQUI pra ler), aonde tem uma loja. Levei pra casa um pedaço do substancioso pão de granola e simplesmente não conseguia parar de comer.
Agora que voltei, aproveitei para conhecer mais o trabalho de Benoît Castel, pâtissier e sócio da Liberté, e me larguei num dos brunchs mais comentados atualmente em Paris, na unidade de Ménilmontant. Servido apenas aos sábados e domingos, só aceita reservas para grupos acima de oito pessoas. Portanto, é bom chegar cedo (começa às 11hs) pra garantir lugar.
Por 27 euros, é possível provar diversos pães, doces, pratos salgados e sucos. Reze para ter o pudim de brioche!
A patisserie da Liberté, como se pode supor, é bem cuidadíssima e delicada. Entre as especialidades, flan de baunilha, torta de limão e as tartelettes montadas sobre sua famosa massa Sablé.
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Arnaud Delmontel
A boulangerie ganhou o prêmio de melhor baguete de Paris em 2007. Tá bom ou quer mais? São quatro unidades e gama de produtos bem ampla. De macaron à brioche.
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Gontran Cherrier
Padeiro-gato, Gontran é apresentador de programas de tv, autor de diversos livros e dono de três lojas em Paris, além de unidades em Tóquio e Cingapura. Verdadeira celebridade.
Com ar moderno, apresentação nada convencional e clima hype, suas padarias não são nada clássicas, assim como suas criações, caso da baguete com tinta de lula e dos famosos buns de páprica e melado (entre outros), usados em diversas hamburguerias bacanonas de Paris.
Se ficar com vontade de um sandubão, aproveite as diversas opções vendidas já montadas, prontas para consumir.
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Dominique Saibron
Uma amiga que mora em Paris, e entende muito de comida, me disse: coma as chouquettes do Dominique Saibron. Até então, confesso, não sabia nem o que eram chouquettes…
Então eu fui, comi e entendi o conselho: que chouquettes! Bom, chouquettes são pequenas delícias ovaladas feitas de massa choux (aquelas dos profiteroles), polvilhadas com açúcar e que podem, ou não, vir recheadas com creme patissiere – neste caso, não vem. Nem precisam. Dá pra comer sem parar, por horas.
Coisa não muito comum, ali também é possível fazer refeições rápidas (boa quiche com salada) e sentar para degustar, com calma, o bom mil folhas de morango com chantili. Aos finais de semana serve brunch (10hs/15hs) que inclui ovos, presunto, salada de frutas, baguete, croissant, clafoutis…
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L’Artisan Bio
Apenas farinhas orgânicas são usadas nos pães assados na pedra. A maioria, integral. Na composição entram farinhas de espelta, centeio, linhaça, além da de trigo e sementes como a de girassol. A especialidade são pães rusticões, grandes e muito aromáticos.
Ah, fica a menos de 400 metros da Du Pain et Des Idées: dá pra ir nas duas no mesmo passeio.
Clique AQUI para endereço, mas como o site deles é bem ruim, lá vai: 2 rue Yves Toudic, Paris.
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