Um pequeno corredor, no meio da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, que poderia passar despercebido. Mas é só olhar um segundo a mais que você notará o entra e sai incessante de gente apressada, as filas que costumam vazar pela porta. Perceberá que ali tem algo bom. E tem: é a Boulangerie Guerin.
Depois de 12 anos assinando os famosos pães e doces do restaurante Le Pré-Catelan, o francês Dominique Guerin inaugurou, em março deste ano, sua própria casa. Ali, naquele corredor, clientes praticamente se acotovelam para comprar baguetes, croissants, brioches, doces, brownies, madeleines… O sistema é rápido: entre na fila, faça seu pedido, pague, pegue e leve. Ou coma sentado nos poucos banquinhos com vista para a cozinha, separada por um grande vidro.
Pode não parecer muito aconchegante para paulistanos que procuram um lugar calmo para tomar café e apreciar um bom naco de pão de fermentação natural – meu caso. Vencida minha chateação inicial pela falta de mesas, fui pra fila e fui feliz, tanto que voltei no dia seguinte, para outro café da manhã.
No primeiro dia, comi um tremendamente bom croissant, amanteigado na medida (ou seja, fartamente), com as folhas de massas estalando sob a pressão mínima dos lábios e derretendo na língua. Um gole de café com leite e, então, pedaço da bem feita tortinha de pera, montada sob massa de amêndoas crocante, esfarelenta no bom sentido, e creme patissier – poderia passar o dia ali, provando o resto da linda vitrine de doces de inspiração francesa (como éclairs, tarte tatins e tartelette fraise), que levam o mínimo de açúcar branco e são, em sua maioria, adoçadas com néctar de agave- mas tinha muito trabalho/comida pela frente.
Então, dia seguinte, lá estava eu de novo. Foi a vez de provar o pain et chocolat, tão bom quanto o croissant, porém com chocolate escasso em seu interior; as madeleines; o brownie bonito mas que não passava de um bolo de chocolate caseiro, com interior carecendo da textura grudenta/cremosa tão característica da receita americana. E o brioche doce. Ah, o brioche doce.
Sem dúvida, o melhor brioche que já comi no Brasil. Macio, alto, aerado de maneira que a massa fazia micro camadas etéreas em seu interior. Amanteigado o suficiente para que sua untuosidade fizesse carinho em cada milímetro das papilas gustativas. Tão cheiroso que até guardado dentro do saco de papel era impossível não salivar. E caro. Poxa, caro pacas: R$ 65, 30, o quilo!
Aliás, nesta minha última viagem ao Rio, notei que os preços na cidade estão ainda mais absurdos do que os de São Paulo: é difícil encontrar um prato por menos de R$ 70 nos restaurantes mais “bacanas” do Leblon e Ipanema. Na Guerin, um brownie sai por R$ 7,50 e um pain et chocolate, R$ 6,40; na Casa Carandaí, um pedaço de bolo de banana custa R$ 8,50…
Bom, voltando: triste que a Guerin fica “meio” distante de mim, porque queria bem provar os outros pães. Todos eles. Para não ter abstinência logo de cara, trouxe o briochão comigo pra São Paulo, mas acabei com ele no mesmo dia.
Já sei aonde será meu próximo café da manhã no Rio. De novo.
Boulangerie Guerin: Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 920, Copacabana, Rio de Janeiro, tel.: (021)2523-4140
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