Dia 28 de abril fiz 38 anos. A vontade de organizar uma festona inexistia. Meu maior desejo era sair um pouco de São Paulo rumo a um lugar vasto, azul, tranquilo. Desejava relaxar olhando o horizonte e esquecer que agenda e sapatos existem. Que pressa existe. Então me mandei para Búzios na pousada mais acolhedora que poderia escolher.
A primeira sensação ao entrar na Vila D’este, e que ficará por muito tempo em mim, foi no olfato. O aroma que paira em toda ela oscila entre verbena e cítricos como laranja e lima. Fresco, vibrante, feliz. A segunda é a vastidão. Olhando logo após a recepção, ela está lá, perene: a magnífica vista para o mar com suas ilhas, barcos. Azul em vários tons descendo do céu e, mansamente, abrigando veleiros, lanchas, catamarãs.
Ali não entram crianças – o lugar preza pelo silêncio e por mais antipática que isso pareça para alguns, hóspedes como eu agradecem por poder passear pelos jardim entre os quartos ouvindo apenas passarinhos. Ali, o que mais se encontra, são casais em busca de um canto adorável, romântico. Ali, só sossego.
Nestes poucos dias de relax, passei horas boiando na piscina de águas mornas defronte ao mar. Sempre com um drinque em mãos… Caminhei pela Rua das Pedras, sem pressa, parando vez por outra para comer um crepe no tradicional Chez Michou (recomendo o de frango ao curry com mussarela de búfala; R$ 24). Um dos almoços – para matar a vontade de uma das coisas que mais amo, pasta e frutos do mar – rolou no Bar do Zé, que de bar não tem nada e é um dos mais conceituados restaurantes da cidade. Meu espaguete com lagostim, alho poró e tomate estava saboroso, sem dúvida, mas os R$ 68 que paguei por eles, nem tanto.
Outra surpresa deliciosa foi, no almoço seguinte, descobrir que o restaurante da Vila D’este, o Egeo, tem comida superior ao Bar do Zé e com valores mais simpáticos.
O simpático e falante chef Abílio prepara ótimo fettuccine caseiro com pedaços carnudos de polvo, camarões e peixe (R$ 48), daqueles que raspar o prato com o pão (quentinho, trazido para a mesa com viciante manteiga de maracujá) para não perder um mililitro do molho.
Alta, suculenta, imaculadamente branca e fresca, a posta de cherne ao molho suave de gengibre que vem sobre o cuscuz nordestino de camarões (R$ 59) também fez minha alegria. Para melhorar, o outro prato era camarões VG com curry leve, excelentemente preparados, escoltados por arroz cremoso de abacaxi (R$ 75). O Egeo aceita não-hóspedes, mas é essencial reservar.
Como curtir dias de sol retumbantes? Na praia, certamente. Fizemos programas distintos e igualmente agradáveis: no primeiro, conhecer o novo e deslumbrante Beach Club Silk; no segundo, uma pequena caminhada até as praias Azeda e Azedinha.
O Silk é um empreendimento de sócios franceses e espanhóis na Praia Brava. Com ambientação à la Ibiza, tem colchões dispostos em diferentes níveis de frente pro mar, serviço competente, música boa e no volume ideal para preencher o ambiente e não me causar ódio do mundo, comida correta. São R$ 400 por pessoa/ dia, nos quais estão inclusos este valor em consumação, estrutura de praia e banho, toalhas e colchões. Tá, não é pra toda hora, mas bem vale a pena…
Comecei meus 38 anos relaxada pelo mar, comendo bem e sem sapatos. Exatamente como queria.
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