Comer bem e pagar caro: fácil. Comer mal e gastar uma grana preta: acontece (com frequência, aliás). Comer de forma medíocre e desembolar uma merreca: comum. Raro mesmo é pagar pouco e comer bem de verdade.
Amigos me indicaram, em Lisboa, dois lugares nos quais a dupla “bom prato e bom preço” é a serventia da casa: Chapitô e Cervejaria Trindade.Salada de requeijão de cabra, mel e nozes do
Fui ao Chapitô em um dia nublaaaaaaado, logo depois de visitar o Castelo de São Jorge. Tinha andado pra caceta e precisa de um cantinho tranquilo para descansar e tomar uma garrafa de vinho inteira– o Chapitô, que fica bem pertinho, foi a escolha. O Chapitô é pitoresco por algumas razões, sendo a primeira delas fazer parte de uma companhia de teatro (de mesmo nome), e ficar dentro de um espaço que mistura bar, salas de ensaio, lah-house e centro cultural. Mas a maior atração, mesmo, é a vista: por ficar numa área super alta, seu companheiro de refeição será o Tejo e uma linda panorâmica de Lisboa. Sim, sim, a comida: caseira, farta e barata. Talvez não tão barata quando devesse: o ponto se tornou bem famoso entre turistas e, daí, já viu.
Como se poderia esperar de um restaurante de uma companhia de teatro– no qual a maioria dos atores fazem suas refeições mas na opção PF, que custa 8 euros– o menu é conciso, os ingredientes são tradicionais e a preparação é simples. Ainda bem. Comecei com uma saladona agradavelmente adocicada de verdes com requeijão de cabra, mel e nozes (4,50 euros) e emendei no T-Bone de porco, ou seja, dois pedaços gigantes de porco preto grelhados, altos, tenros, saborosos, acompanhados de saladinha e batatas na grelha (16 euros). Meu namorado, passando meio mal pelo excesso de alheira, escolheu algo mais leve: dourada inteira grelhada com batatas e tomate também grelhados e molho de coentro. Perfeitamente grelhada, pele crocante e carne úmida: 15 euros.
O segundo restaurante coma-sem-ir-à-falência foi a Cervejaria Trindade, dica da minha amiga Mariana Belém– praticamente uma lisboeta! Imenso, lindo, fica em um dos bairros mais bacanas da cidade, o Chiado. A Trindade funciona nas instalações do antigo Convento dos Frades Trinos da Redenção dos Cativos, construído em 1204, destruído por um incêndio em 1704 e reconstruído em 1766. Já não bastasse a história do lugar e seus belíssimos azulejos artesanais de inspiração maçônica pintados em 1863, a cervejaria ainda tem serviço super simpático e um cardápio mega extenso de especialidades portuguesas com execução corretíssima.
Como estávamos no inverno, comecei por uma espessa e aromática sopa de camarão (2,75 euros)– farta em camarões, algo raro– com base de tomate. O couvert– pão quente e macio, manteiga e queijo Niza— custa só 2 euros por pessoa e não pode ser dispensado! Principalmente porque você provavelmente vai começar a beber antes da comida chegar e só vai parar depois da sobremesa ser arrancada da sua frente. Ah, sim: hoje, a Trindade é parte do grupo fabricante da Sagres, então a cerveja em si é meio qualquer nota. Para compensar, a carta de vinhos portugueses é ótima e tem preços bem bons.
Após aquecer o estômago, pude comer com calma meu arroz de pato (8,50 euros). Muita carne super bem preparada no vinho branco com laranja e azeite, azeitonas pretas fatiadas e um tiquinho de coentro– teria tudo para ser pesado mas estava perfeito, sem excesso de sal ou de azeite.
Para terminar, Torta de ovos com sorvete de canela (4,15 euros).
Com vinho, minha conta deu 27 euros. Nada mal. Mesmo.
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