Diego Badaró é uma mistura improvável de hippie-fora-de-época com homem de negócios bem sucedido internacionalmente. Um cara que se refere à sua fazenda como “floresta encantada”, prefere dormir numa barraca na beira do rio do que dentro de casa (ninguém e contou – eu vi!) e ao mesmo tempo é responsável pleo produto que conquistou espaço nas gôndolas de algumas das lojas mais famosas do mundo, como as do Bon Marché, em Paris.
Representante da quinta geração de cacaueiros – sua família foi tão influente no negócio que é citada no romance Terras do sem fim, de Jorge Amado – Diego, porém, não tem nada do que se poderia imaginar de um fazendeiro-herdeiro. Nada, mesmo: nem roupa de grife, nem carrão do ano, nem jatinho ou apetite por luxo.
Sua fala mansa, sorriso fácil e ar tranquilão são mais facilmente associados a um professor de yoga, por exemplo, do que a um proprietário de seis fazendas e criador de uma das marcas de chocolates orgânicos mais respeitadas mundo afora. No caso, a AMMA.
Aos 34 anos, Diego vê seu sonho de recuperar as terras da família – devastadas pela vassoura-de-bruxa, praga que adoece as árvores de cacau, apodrecendo o fruto, no final dos anos 80 -transformar-se numa realidade sólida.
Fundada em 2007, a AMMA hoje produz cerca de 300 toneladas/ano de mais de 10 tipos de chocolate (inclusive o meu preferido, o Theobroma Grandiflorum, que usa amêndoa de cupuaçu no lugar do cacau), está presente em centenas de pontos de venda pelo país e acaba de inaugurar a Casa do Sabor, em São Paulo, conjunção de centro de estudos, desenvolvimento de receitas e doceria da marca (leia mais sobre ela AQUI).
Sou fã da marca desde seu início e por isso foi tão bacana conhecer a pequena fábrica, em Salvador, e a lindíssima fazenda em Itacaré, cuja produção é 100% orgânica. E, olha, Diego tem razão de chamá-la de “floresta encantada”… As fotos estão aí pra isso.
As frutas e amêndoas são impressionantemente saudáveis, sem nenhuma presença do fungo causador da vassoura-de-bruxa.
A produção é toda cabruca, ou seja, os cacaueiros crescem em harmonia com a mata nativa, método que ajuda na preservação da riqueza do solo, que permanece, safra após safra, nutrido com todos os componentes necessários. E, importantíssimo, preserva a vegetação original.
Pragas são tratadas e prevenidas com um “adubo-defensor” natural que contém mais de 90% dos elementos da tabela periódica e é composto por pó de rochas do sertão, água do mar da região, entre outras coisas, que é pulverizado nas árvores.
Fico feliz em ver de perto que é possível associar produtos de qualidade, conservação do meio ambiente e lucro. Espero, de verdade, que exemplos como esse se multipliquem: o mundo está precisando. Cada vez mais e com urgência.
Comente
Seja bem-vindo, sua opinião é importante. Comentários ofensivos serão reprovados