Situada no alto de uma colina cercada por primaveras e cactus, à beira do mar Jônico, Taormina é o destino mais visitado da Sicília. No verão, sua população aumenta em até 400% (no inverno, metade dos hoteis e restaurantes fecham as portas por conta dos ventos gélidos que afastam aves e turistas). A razão pela qual tanta gente vai para lá durante os meses de maio, junho, julho e agosto? Simples: Taormina é deslumbrante.
Praias calmas, mar azulaço, vista magnífica para o Etna, um dos mais bem preservados Teatros Gregos da Europa, sol, lojas, coquetéis. Taormina é, mesmo, um destino obrigatório para quem viaja pela Sicília. Mas ao contrário de outros cantos da ilha, Taormina é cara: hospedagem e comida custam cerca de 40% mais do que em qualquer outra cidade siciliana. Também tem pega-turista, aquele tipo de estabelecimento que tem cara de bacaninha, serviço simpático e comida… cara e medíocre. Mas não desanime: os bônus são muuuuuito maiores do que os ônus.
Como aluguei um apartamento, acabei cozinhando bastante, o que me afastou de desastres gastronômicos e me deu tempo para pesquisar locais que realmente valham a pena. O resultado está na pequena- porém bem boa – lista abaixo.
Cannolo: Roberto Il Mago Dei Cannoli
Ícone siciliano, o cannolo (cannoli, no plural) é onipresente de biboca de rua à restaurantão estrelado. Contudo, de todos os que comi no Brasil e na Itália, jamais provei um tão estupendo como o do Roberto, justamente auto-denominado, “Mago dos cannoli”.
As massas, feitas diariamente, são maravilhosamente crocantes e leves: me disse o atendente que essa textura divina é resultado do uso de vinho tinto avinagrado na receita. O recheio – ricota, etérea e imaculadamente branca, batida a mão com açúcar – é colocado apenas na hora do pedido, para não amolecer o canudo. Para finalizar, açúcar de confeiteiro peneirado.
Surreal de bom.
Outro doce dali que eu também poderia comer baldes é bem tradicional da região: cascas de laranjas confitadas e mergulhadas no chocolate amargo.
Fiquei quase uma semana em Taormina e batia ponto diariamente no Roberto.
Granita: BamBar
BamBar é uma instituição da cidade: segundo dezenas de guias e clientes, é lá que se serve e produz a melhor granita da Sicília. Granita é feita de gelo, suco de fruta e açúcar misturados de maneira a gerarem um resultado cremoso e ainda manter uma certa granulação. Viciante.
Os sabores são sazonais, então torça para ter de framboesa e pistache. Ah, não fique em dúvida: peça com ‘panna’, creme tão leve e sedoso que dá vontade de enfiar a cara.
Pastas e peixes: Osteria RossoDiVino
Saia um pouco do buchicho turístico da região em torno da avenida principal – a Corso Umberto I – e vá a uma osteria com comida boa de verdade, ambiente agradabilíssimo e preços coerentes. O foco, como em toda a ilha, são os peixes e frutos do mar. Sempre frescos, sazonais, pujantes e pescados no dia, são um sopro marítimo de prazer. Cardápio conciso e bem executado com delícias como o Espaguete com ouriço do mar e botarga (22 euros) e nhoque com ragu de peixe alla siciliana (19 euros).
Pizza: Vila Zuccaro
A Vila Zuccaro faz um estilo de pizza que lembra a paulistana em textura (porém a massa passa por longa fermentação) – mais pra grossa, pedaços crocantes na borda e macios no interior – e usa insumos de qualidade nas coberturas. É preparada num forno à gás, de plataforma giratória – para assar por igual – e custa cerca de 10 euros, cada. O belo pátio é outro bom motivo para jantar por lá, especialmente se você refrescar a noite com um bom vinho branco (prove a uva regional Catarrato) ou cerveja artesanal local.
Picolés 100% naturais: Gelaterie Stecco Natura
Fico feliz em ver empreendimentos assim se tornarem redes: insumos 100% naturais, nada de corantes, conservantes, espessantes ou pasta base. Os picolés são coloridos, cheirosos, refrescantes e causam um certo vício (por que são uma arma e tanto para aplacar o calor).
Drinques com vista pro Etna: Belmond Grand Hotel Timeo
Deslumbrante, de embasbacar, chocate: assim é a vista do bar do lindíssimo Grand Hotel Timeo. Enquanto você dá pequenos goles nos bem feitos coquetéis – prove o Etna Spritz, que leva campari, amaro siciliano a base de laranja sanguínea e champanhe (26 euros) -, à sua frente estão o mar, o Etna e o pôr-do-sol. E, claro, uns petiscos: amo amo amo esse hábito italiano de trazer comida, de graça, assim que se pede a bebida durante o aperitivo (americanos chamariam de happy hour).
Drinques nas escadarias: Daiquiri
Chegue cedo, pegue seu lugar num dos degraus da escadaria em frente ao bar, relaxe, peça um coquetel e fique observando o movimento das pessoas, o cair da luz do dia, o aumentar da música ambiente. Excelente local para um esquenta antes do jantar.
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