Nosso vizinho, o Peru, comemorou ontem o 189. aniversário de sua independência. Parabéns pra ele. Mas isso me importa realmente por um motivo bem específico: o La Mar está fazendo o festival de independência do Peru (só jantar), que termina neste sábado e está fenomenal.
Meu amigo Fábio Barbosa, o chef do La Mar de São Paulo, está ciceroneando seu amigo Diego Alcântara, chef do La Mar de São Francisco, responsável por este menu-degustação de 5 pratos. Simpaticíssimo, Diego me explicava detalhadamente a história de cada comida, seus ingredientes principais, características. Foi uma noite de sair rolando e aprender muito.
Entonces, a refeição começa com um pisco sour perfeito (como amo pisco sour!) e o Ceviche Norteño. Diferente do tradicional, no qual o peixe é cortado em cubos, este o traz em lâminas, acompanhado de chulpi (milhão que não estoura, ficando crocante por fora e macio por dentro) e temperado com ají mochero, salsão, alho e, claro, limão. Acidez ideal, peixe no ponto, sem ter sido cozido pelo limão a ponto de ficar branco.
Na sequência, Tiradito (fatias) de Polvo absolutamente tenras acompanhado de creme de azeitonas pretas com toque de azeite de oliva e leche de tigre (suco do limão impregnado com o caldo do peixe). Então, o meu preferido: purê de mandioca sedoooooooooso, recheado com guisado de mariscos e peixe e coberto por um toque de salsa huancaina (cebola, ají amarelo e alho salteados e batidos no liquidificador com bolacha água e sal, leite e queijo fresco). Puts! A maciez da mandioca mistura-se ao sabor intenso porém delicado do guisado, junta-se ao picante da salsa e espalha-se na boca com vagar… Ok, então o último prato salgado, o Tacu-Tacu à la Antígua (frutos do mar, um salteado delicadíssimo de vieiras, camarões e corvina, acompanhado de suculenta “tortinha” de arroz e feijão branco, favas e ovo de codorna).
Eis que chega uma pequena bolinha verde clara em um pratinho. Primeira colherada e solto, sem querer, um sonoro: “Putz, me dá AGORA dois litros desse sorbet!”. Fábio e Diego soltam gargalhadas e dizem que sou a segunda pessoa na noite a pedir a mesma coisa. A colherada paradisíaca em questão trata-se de um sorbet de maçã verde e pisco, usado para limpar o paladar entre os pratos principais e a sobremesa. Ligeiramente ácido, doce na medida, é a maneira mais chique de tomar um belo porre de pisco sour. Me recompus e fui para a sobremesa em si.
Mas rolou outra descompostura em questão de 10 segundos.
“Diego, o que é isso, meu deus?!”. “Mousse de Chirimóya“, respondeu ele, “Prima da atemóia que só dá no Peru”. Então, sou VICIADA em atemóia. Agora mesmo tem duas na minha geladeira, guardadas para o final de semana quando terei tempo de sentar em frente a televisão e dar gigantescas mordidas em sua carne branca, doce e suculenta. E, pra piorar, ontem descobri que a prima dela, a chirimóya, é ainda mais gostosa, mais doce, mais tenra. Abstenho-me de dizer se gostei da sobremesa.
Este menu do La Mar custa R$ 90 por pessoa– sinceramente, preço mais do que justo.
La Mar: R. Tabapuã, 1.410, Itaim Bibi, tel.: 3073-1213
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