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Eu gosto de ceviche– o peixe fresco, cozido pela acidez do suco do limão, com cebola roxa, sal e ají (ampla variedade de pimentas peruanas) é leve e rico. Porém pensar que cozinha peruana se resume a ele é o mesmo que reduzir a japonesa a sushi e sashimi. Ambas tem muito, muito, muito mais, apesar de terem ficado mundialmente conhecidas por estas especialidades.
São Paulo, hoje, tem dois ou três bons restaurantes peruanos, mas meu preferido continua sendo o La Mar. Filial paulistana da rede La Mar (com oito unidades pelo mundo) do famoso chef peruano Gaston Acúrio, o menu tem, claro, ótimos ceviches, como o de robalo, com pimenta dedo de moça, cebola roxa, coentro e leche de tigre, suco derivado da marinada dos ingredientes (R$ 39), mas é todo o resto que me encanta, começando pelo couvert, composto do finas e absolutamente crocantes fatias de batata, mandioquinha e banana fritas acompanhada de trio de pastas de pimentas peruanas (R$ 4,50 por pessoa). Aproveite e peça o melhor Pisco Sour da cidade (R$ 21, grande; R$ 17, médio). Mas cuidado: parece inofensivo mas pode ter ação colante na cadeira…
Na minha última visita ao La Mar, comecei pelos tiraditos, primos do ceviche (“Itália tem carpaccio, Japão tem sashimis, Peru tem tiraditos”, diz o cardápio). O que posso dizer das finas fatias de tenras vieiras com leche de tigre agridoce ao maracujá, amendoim, gergelim e pedacinhos de massinha de wan tan crocante (R$ 39)? Espetáculo. Sério. Espetáculo. Dou meus parabéns ao chef Fábio Barbosa.
Depois passei pelas Causas, prato frio baseado em purê de batatas com limão e ají, recheado com abacate e coberto por dezenas de variações. Fui de Antigua: filé de pescado empanado, molho tártaro com ají amarelo e salsa criolla (cebola, pimenta dedo de moça, coentro e limão; R$ 28). É uma das coisas que mais amo por lá. Purê sedoso e levemente cítrico, cebola roxa crocante contrastando com a textura macia da carne do pescado e o toque do ají no molho se misturando a tudo. Poderia comer sozinha as quatro unidades grandonas que vem na porção.
De prato principal, fui de arroz Suculento, um aromático risoto de abóbora e ají amarelo com salteado de pescado, lagostins e lula com shoyu (R$ 58). Meu namorado queria algo mais encorpado e encontrou a solução ideal no Tacu Tacu, massa temperada de feijões que pode vir com diversos tipos de acompanhamento. No caso do Arequipa, camarões grelhados, molho arequipeño– feito de casca de camarão–, guarnecido com salsa criolla (R$ 52). NUSSA.
Pedi mais um Pisco Sour e as sobremesas: turrón de doce de leite com sagu de coco, abacaxi e limão (R$ 19) e crema volteada de chocolate com capim limão, maçãs assadas, crocante de castanha de cajú e espuma de huacatay (R$ 19).
Sabe quando você come algo tão bom que dá vontade de sair abraçando quem está ao seu lado? Não sabe? Bom, talvez seja um ímpeto só meu… Mas, de qualquer forma, foi o que quis fazer (mas me segurei) depois de provar as sobremesas. Esse turrón geladinho, mais parecendo um sorvete, na mesma colherada com as bolinhas de sagu e os pedacinhos de abacaxi em compota é o que posso chamar de epifania. E, sério, a leveza e não “chocolatice” da crema volteada– que tem textura de pudim–, com o azedinho e crocante das maçãs assadas no ponto e o avelulado da espuma da erva aromática peruana me surpreendeu pelo equilíbrio.
Então, já sabe: deixa o ceviche descansar e se jogue no resto do menu. E, claro, no Pisco Sour.
La Mar Cebicheria: Rua Tabapuã, 1.410, Itaim Bibi, Tel.: 3073-1213
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