Joshua Ozersky é um dos críticos/jornalistas gastronômicos mais respeitados do Estados Unidos. Foi idealizador do prestigiado blog Grub Street, da revista New Yorker, escreveu vários livros sobre o tema (The Hamburger: A History, entre eles), é editor de gastronomia da Esquire e colaborador The Wall Street Journal, Food & Wine e The New York Observer. É, também, o criador do Meatopia que, em seu décimo ano, consagrou-se como o maior festival de barbecue do mundo.
A história começou há um pouco mais de uma década. Joshua, todos os anos, em seu aniversário, fazia uma festa na qual trazia seus chefs preferidos de Nova York. Todos, sem exceção, serviam receitas com carne. Após três anos, havia tanta gente querendo ser convidada – porque não havia outro lugar no mundo em que o melhor do hambúrger, cachorro-quente, barbecue e afins estivessem reunidos – que Joshua decidiu vender convites. Meio sem querer, havia nascido o Meatopia. Hoje, além de Nova York, rola também em San Antonio, Nova York, Londres, Melbourne… a lista não para de aumentar.
Quando André Lima de Luca, sócio e chef executivo do BOS BBQ, me disse que cozinharia no Meatopia de Londres, fiquei bem interessada em ir. Afinal, ter acesso aos cozinheiros e bastidores é sempre mais interessante para um jornalista. Fui. E digo: que Festival!
Foram dois dias de muita música boa, drinques, cerveja, cidra, bar dedicado a bourbons e pratos sensacionais em um espaço lindíssimo à beira do Tâmisa, o Tobacco Dock. Grandes chefs preparando suas especialidades carnívoras, usando apenas lenha ou carvão: gás, ali, é proibido.
A carne usada precisa, obrigatoriamente, ser livre de hormônios e antibióticos e proveniente de produtores que abatam sem sofrimento animal. O que provei foram delícias, de qualidade muito, muito acima da média, nascidas do uso magistral do fogo.
Na edição londrina estavam presentes os americanos do Shake Shack, Jonathon Sawyer (The Greenhouse Tavern) e Dj BBQ, Hus Vedat (Barbecoa), Richard H Turner (Foxlow), o mestre-açougueiro italiano Dario Cechinni (Antica Macelleria Cechini) dando aulas gratuitas, entre 30 outros profissionais. Além da excelência e variedade da comida – cabrito, boi, galinha, pato, vitela, burger, linguiças, tacos – o que muito me chamou atenção foi a camaradagem entre os chefs, a vontade de trocar experiências e a paixão completa pelo que fazem. Era corriqueiro vê-los levando seu prato para outro provar e, claro, provando o do amigo. Elogiando, comentando. Trocando.
Foi bonito de se ver o quanto apreciaram o que foi servido por Andre, o único brasileiro do time. Eram “amazings”, “awesomes” e “perfects” proferidos com aquela cara de prazer que não dá pra forjar. Josh disse que seus pratos ficaram entre os melhores dos dois dias de evento, especialmente a perfeita picanha com barbecue de espresso e farofa. A danada causou um belo alvoroço! Como não se encontra esse corte na Inglaterra, Andre pesquisou um fornecedor e, meses antes, passou as exatas especificações. O resultado foi majestoso.
No Meatopia paga-se entrada (por pessoa) e um valor por prato que, aliás, vinha na quantidade ideal para se poder provar três ou quatro. Outra premissa do Meatopia é que comer bem é muito melhor e mais importante do que comer em quantidade. Por isso a qualidade dos ingredientes utilizados e o tamanho sensato da porção são essenciais.
Nas fotos você pode ver algumas das belezinhas que foram servidas. Se ficou aguando, babando, morrendo de fome, vá para Nova York em outubro: dia 19 acontece o Meatopia, The carnivore’s Ball, em parceria com a revista Food and Wine. Ou torça para o evento vir ao Brasil.
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