Final de verão (final de agosto/início de setembro) é a época mais animada na Alemanha: o país todo fica repleto de festas de rua. Comida, música, bebida. Sossegado ir com amigos, família, filhos – segurança realmente não é uma preocupação… Visitei duas delas, uma dedicada a vinhos alemães em Stuttgart (Stuttgarter Weindorf) e outra, voltada para a família e com comida de várias partes do mundo, em Nuremberg (Volksfest).
Stuttgart, além de ser um destino para quem curte carros (Mercedes-Benz Museum), é a sede da adorável Stuttgarter Weindorf. Durante 15 dias, um quadrilátero no centro da cidade é tomado por cerca de 30 “barracas” – que, na real, são montadas com estrutura de restaurante -, todas especializadas em receitas e vinhos alemães.
O mote da Stuttgarter Weindorf é valorizar a tradição, a cultura, os próprios produtos e produtores. A própria gastronomia. Lindo de se ver: nada de burger, nada de noodle, nada de pizza.
Você pode comer uma bela flammkuchen (pizza alemã) acompanhada de Hugo (espumante, água com gás, xarope de elderflower e hortelã), um pratão de schwäbische krautschupfnudeln (massa típica da região com repolho e bacon), creme de cogumelos em pão de grãos, etc. E, obviamente, tomar muito, muito vinho. Bons vinhos: a região é dedicada a eles. Apenas nos arredores da cidade são 23 produtores, plantando Riesling, Kerner, Müller, Turgau, Muskateller, Chardonnay, Weissburgunder, Silvaner und Gewürztraminer, Muskat, Pinot noir, Trollinger e Lemberger.
Visite o Stuttgart Markthalle, o mercado central. Comidas prontas para consumo (feitas diariamente), produtos gregos, turcos, franceses, espanhóis. Bebidas. Temperos. Frutas, verduras locais. No andar de cima, chiquérrima e cara loja de departamentos.
Ah, Nuremberg… me encantei. Me encantei pela história, pela maneira apaixonada como reconstruíram quase toda a cidade depois da Segunda Guerra (uma das preferidas de Hitler, Nuremberg era a sede do Congresso Nazista e de dezenas de edificações do 3. Reich que foram bombardeadas pelos americanos). Pelo clima interiorano, tranquilo. Pela neef confiserie café e seus doces fantásticos. Pelos produtos artesanais – de gin a chocolate – da DelikatEssen. E, claro, pelas salsichas de Nuremberg, especialmente as produzidas diariamente no Bratwurst Häusle.
Pude acompanhar a produção na Bratwurst Häusle e, olha, que trabalho e respeito pelo que se faz. Todo santo dia, à partir das 5 da manhã, mais de dez mil salsichas são produzidas. Por lei, devem ter de sete a nove centímetros de comprimento, 22 mm de largura, de 20 a 25 gramas cada, não mais de 30% de gordura e levar carne nobre de porco, sal, pimenta e manjerona. Só existem quatro modos de prepará-las: o mais clássico, na grelha alimentada com lenha; fervida em vinho branco da Francônia, cebola e vinagre; defumada, besuntada em horserasdish; “pelada”, ou seja, crua, sem o invólucro, picada como tartare. Minha favorita: a potente defumada.
Então, uma vez ao ano, desde 1826, a cidade ganha ainda mais vida com a Volksfest, defronte ao ex-Congresso Nazista (hoje funciona como o Centro da Documentação Nazista). A mistura de carrinho de bate-bate, montanhas russas, sorvetes, biergarten, comida e música é quase intoxicante.
Alemães sabem, e como!, fazer uma festa.
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